Mais de 10 mil analfabetos em Eunápolis, 11 mil em Porto Seguro

Por Folhapop.com – Lourival Jácome

Nesta data em que é celebrado o Dia Mundial da Alfabetização, (8/9) um dado preocupante  volta a ser lembrado pelo IBGE, ainda à luz da última PENAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (2020). No Brasil ainda existe 11 milhões de pessoas que não foram alfabetizadas.

São brasileiros de 15 anos de idade ou mais, que  Ouvir: Mais de 10 mil analfabetos em Eunápolis, a maioria das escolas de ensino fundamental está com aulas suspensa há um ano, pela pandemia 08/09/2021 Mais de 10 mil analfabetos em Eunápolis, com 11 mil em Porto Seguro pelos critérios do IBGE, são incapazes de ler e escrever coisas simples, como um bilhete de 10 palavras.

Pela Lei 13.005/2014, que estabelece o Plano Nacional de Educação – PNE, as medidas para melhorar a educação no país, desde o ensino infantil até a pós-graduação, estão nesta legislação, pela qual, se o Brasil cumprir as determinações, observadas ainda as questões orçamentárias do Ministério da Educação, poderá zerar a taxa de analfabetismo até 2024.

Em razão da pandemia, que paralisou escolas e todo o sistema educacional do país, é possível que a situação tenha se agravado em 2020 e 2021. O problema parece distante, mas está bem próximo das comunidades do Extremo Sul da Bahia. No município de Eunápolis, (sob o código 2910727 do IBGE), a PENAD mostra que em Eunápolis chega a 10.441 o número de analfabetos, o que equivale a 18,5% da população. Já em Porto Seguro, com uma população maior, (sob o código 2925303 do IBGE) são 11.158 os analfabetos, representando 18,1% da população. Folhapop procurou saber a opinião das secretarias de Educação dos dois municípios, mas não obteve retorno.

O estrago que a pandemia causou nas duas cidades, provocando a suspensão das aulas presenciais, obrigou os docentes a se posicionarem no sentido de não perderem o contato com o alunado, o que foi feito por alguns professores através da internet. Com 12 anos de classe, o professor Otoniel Brito, de Porto Seguro, não esperou a Covid-19 lhe dar espaço e tomou a iniciativa de gravar vídeos da sua disciplina para manter alunos antenados mesmo no período de paralisação.

“Tem sido uma experiência nova e promissora, tanto para mim como para um número ainda menor de alunos, embora uma coisa restrita e não oficial, porque não tínhamos essa experiência, nem recursos para fazê-lo. Aqui em Porto Seguro, muitos de nós professores do fundamental, conseguimos essa atualização, cada um do seu jeito. Quando voltarem as aulas normais as dificuldades serão menores”, avalia o professor.

Atitude idêntica foi tomada por docentes de Eunápolis, também afastados da sala de aula desde abril o ano passado, em virtude da suspensão das aulas pela pandemia. Eles destacam que praticamente não houve ano letivo em 2020 e tudo indica que o de 2021 está também prejudicado, tendo em vista que até este momento não conseguimos retornar plenamente às atividades em salas de aula. “A gravação de aulas em vídeos ajudou a todos nós, alunos e professores do ensino fundamental. Foram poucas gravações, mas prestamos essa contribuição para não deixar o alunado relaxar”, disse um professor da rede municipal de Eunápolis, que não quis se identificar.

Nos dois municípios, a preocupação dos professores e alunos com os números do analfabetismo ficou evidente. Ficou claro entre os mestres que a paralisação provocada pela pandemia é um impulsionador poderoso da evasão escolar. Por essa razão, alguns professores nos dois municípios não perderam a oportunidade e tomaram iniciativa para não se distanciarem dos alunos.

Somente no dia 30 de junho deste ano, o MEC lançou um sistema online de recursos para alfabetização, o que poderá impulsionar o desfio de acabar com o analfabetismo. A plataforma foi desenvolvida para apoiar professores e trabalhadores da educação no planejamento e execução de atividades de ensino para alunos que estão aprendendo a ler e escrever.

O sistema traz estratégias de ensino ou como o conteúdo pode ser ensinado. Elenca também propostas de atividades a serem aplicadas em salas de aula, ferramentas que são utilizadas na consolidação da apreensão dos conteúdos.

A plataforma disponibiliza recursos adicionais diversos que auxiliam os professores. Podem ser acessadas, por exemplo, imagens que ajudam a fixar as letras do alfabeto. Será incluído também um módulo com sugestões de avaliações para verificar a aprendizagem do conteúdo.