SEGURANÇA PÚBLICA
Fuga espetacular em presídio de Eunápolis, na Bahia; vídeo inédito mostra fuga dos 16 presos
foto: reprodução video
_A fuga ocorreu no Complexo Penal de Eunápolis, Bahia, com 16 presos escapando após um ataque armado ¹. A diretoria do presídio foi afastada para investigações. A fuga em mass revela falhas crônicas na SEAP.
* Por Redação Alô Juca
A equipe de reportagem do Alô Juca obteve, com exclusividade, imagens do circuito interno de segurança do Presídio de Eunápolis que documentam a fuga de 16 detentos na última quinta-feira, dia 12 de dezembro. Esta situação, no entanto, não é um caso isolado, mas sim uma repetição de um padrão alarmante de falhas na segurança da unidade. O vídeo revela a audácia dos detentos, que conseguiram escapar em meio a um sistema que já mostrou ser vulnerável.
Vídeo inédito obtido com exclusividade. Crédito vídeo: Alô Juca
Apenas em dezembro do ano passado, houve pelo menos dois resgates em plena luz do dia, incluindo a de um notório líder criminoso conhecido como “Gordura”, ligado à facção “Anjos da Morte” e com conexões com o “BDM” (Bonde do Maluco) e o “PCC” (Primeiro Comando da Capital) em Porto Seguro. Em fevereiro de 2022, sete membros da mesma facção também conseguiram escapar em massa após “brocarem” o teto das celas. Apesar da gravidade das situações, a Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) não tomou medidas significativas, como o afastamento empresa Reviver que administra o presídio.
Informações obtidas pela nossa equipe indicam que a fuga pode ter sido facilitada por corrupção de funcionários de empresas que prestavam serviço para a Reviver. Quatro chaves das celas desapareceram, e a falta de conferência adequada por parte dos supervisores foi um fator crítico. Além disso, a demora em contatar a polícia durante a fuga e a ineficiência do monitoramento foram fatais. No mesmo dia, tiros de fuzis calibre .556 foram disparados em uma torre de segurança, resultando na morte de um cachorro que estava preso nas proximidades.
Os detentos que fugiram pertencem a facções que operam em um ambiente de rivalidade intensa. O PCE (Primeiro Comando de Eunápolis), com 22 anos de existência, está ligado ao Comando Vermelho (CV) e teme transferências para unidades mais seguras, como o presídio de Serrinha, federais ou até mesmo assassinatos. O controle do presídio está nas mãos do PCE, que se consolidou como a facção dominante na região.
A equipe de reportagem fez tentativas de contato com a diretora do presídio, mas não obteve sucesso. Joneuma Silva Neres e outro servidor da SEAP foram afastados do cargo em decisão arbitrária. Isso porque fontes internas revelaram que a diretora havia solicitado no momento em que assumiu o presídio a construção de um muro de proteção, além de ter realizado alertas sobre as falhas estruturais e invasões no terreno da unidade. Ela também pediu um aumento no efetivo policial e a requalificação dos funcionários, medidas que poderiam ter prevenido a ocorrência de fugas recorrentes.
Ainda segundo essas fontes, tanto o secretário José Castro quanto o superintendente Luciano Viana estavam cientes dos problemas, mas nenhuma ação efetiva foi tomada.
As falhas na segurança do presídio são preocupantes. Dois funcionários que deveriam estar em postos de vigilância não estavam presentes no momento da fuga, e não houve uma conferência adequada por parte do supervisor das celas. A falta de um protocolo eficaz para o monitoramento e a resposta rápida em situações de emergência é um reflexo de uma gestão ineficiente da Reviver.
Atualmente, nenhum dos 16 detentos que fugiram foi recapturado, aumentando a sensação de insegurança na região. A população local expressa preocupação com as consequências da fuga, especialmente em um contexto de violência crescente associada às facções criminosas no estado.
O clima de impunidade e a falta de responsabilização por parte das autoridades reforçam a sensação de que as instituições estão perdendo o controle.
O presídio é classificado como de segurança média e opera sob cogestão do governo da Bahia com a empresa privada Reviver, que recebe cerca de R$ 3 milhões mensais para a administração da unidade. À medida que a situação se desenrola, a pressão sobre o secretário da SEAP aumenta. O clamor por mudanças estruturais e por uma real avaliação da segurança nas unidades prisionais do estado é cobrada por moradores. A reportagem do Alô Juca buscou contato com SEAP e a Reviver, mas não obteve retorno.
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